encontro entre a água e o Espírito
O episódio do Batismo de Jesus nos fala de um encontro
de Jesus de Nazaré com João Batista.
Certamente não era o primeiro encontro entre aqueles primos. Ambos foram gerados a partir da revelação da
possibilidade diante do impossível: um, filho de uma virgem; outro, de uma que
já se considerava estéril.
O primeiro
encontro, ainda no útero materno, foi um transbordamento de alegria e
louvor. Aquelas mulheres eram portadoras
de um mistério e, cúmplices, fizeram de seus corpos instrumentos da revelação
de Deus à humanidade. A gestação de
ambas seguiu um ritmo paralelo, próximo.
Juntas, foram descobrindo, aos poucos, a grandeza da maternidade, a
entrega de suas vidas ao Senhor. Maria,
já portadora do Filho de Deus, foi visitar sua prima Isabel e, conta a
história, a serviu durante sua gravidez.
Manifestava-se na Mãe, o serviço do Filho aos homens e mulheres. Isabel, portadora do Precursor, no primeiro
momento daquele reencontro entre as duas primas, anunciou – como mais tarde seu
filho o faria – que naquela jovem que chegava estava sendo gerado o Messias:
“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre!” (Lc 1,
42).
Certamente
outros encontros familiares se seguiram àquele primeiro. Brincadeiras de infância, cerimônias,
descobertas... Anos se passaram até que
nas águas do rio Jordão os primos voltaram a se encontrar. João seguia sua vocação de profeta, e
anunciava que o Messias viria. Batizava
nas águas do rio, simbolizando desde já o caminho para o encontro da humanidade
com Deus: conversão – misericórdia – amor - serviço. O Jesus que chega às
margens do rio quer ser batizado por João porque irá abraçar aquele mesmo
caminho que o primo anunciava. E
cúmplices do Mistério como suas mães, vêem o céu se abrir e o Espírito do
Senhor se manifesta na forma de uma pomba e eles escutam o próprio Deus falar:
“Tu és meu Filho amado, em ti está o meu agrado” (Mc 1, 11).
Água e Espírito
se apresentam como sinais de conversão.
Um lava, o outro restaura. A água
tem sua natureza ligada à geração e à manutenção da vida humana. Simboliza a purificação, o renascimento. O Espírito salva, redime, fortalece, torna
divino o que é humano. João batizava com
a água. Era o batismo simbólico do Precursor, cuja liturgia até hoje
celebramos. Dizia que depois dele viria
um outro – Jesus – que nos batizaria no Espírito. Era o anúncio do maior dos
profetas, de que a salvação era chegada através do Espírito de Deus manifestado
em Jesus Cristo, que revelaria com sua vida o caminho para Deus: conversão –
misericórdia – amor – serviço. O mesmo
caminho anunciado por João Batista. Era Deus revelado àqueles homens que a
própria vida uniu por laços familiares e por ideais.
A Festa do
Batismo de Jesus deve nos levar a refletir sobre nosso próprio batismo e a
rever os caminhos que seguimos.
Estaríamos seguindo os caminhos que João Batista e Jesus de Nazaré nos
anunciaram? Estaríamos vivendo em
plenitude nosso batismo e sentindo-nos verdadeiramente Filhos de Deus?