Papa Francisco


Papa Francisco \ Audiência Geral
Na audiência, o Papa explica o 'primeiro milagre de Jesus

Cidade do Vaticano (RV) – Cerca de 20 mil pessoas participaram da Audiência geral do Papa Francisco, no Vaticano.
Logo no início do encontro, o Pontífice convidou alguns meninos a subir no papamóvel para a tradicional volta na Praça São Pedro.
Saudando os fiéis e peregrinos, Francisco cumprimentou de modo especial um grupo de casais que completa 50 anos de casamento, dizendo-lhes que “são um testemunho exemplar para os jovens”.
“Vocês são o vinho bom da família!”, exclamou.

Os sinais eloquentes da glória de Jesus
Depois de ter comentado, nas últimas audiências, algumas parábolas sobre a misericórdia na Bíblia, nesta quarta-feira (08/06), Papa Francisco dedicou sua catequese ao primeiro milagre de Jesus, o primeiro dos ‘sinais’ prodigiosos da Sua glória.
Narra o Evangelista João que Jesus estava com seus discípulos em um casamento em Caná da Galileia. Naquela ocasião, Ele se manifesta como o esposo do povo de Deus e nos revela a profundidade da relação que nos une a Ele: a Aliança do amor.

Igreja, família de Deus, que doa amor a todos
“A vida cristã – acrescentou Francisco – é a resposta a este amor, é como a estória de dois apaixonados, Deus e o homem, que se encontram, se celebram e se amam, exatamente como o amado e a amada do Cântico dos Cânticos, no Antigo Testamento. A Igreja é a família de Jesus, é aonde ele deposita o seu amor; o amor que a Igreja custodia e quer doar a todos”.
No banquete nupcial de Caná, Maria observou que faltava o vinho, sem o qual, a festa não teria alegria nem abundância.

Casamento com chá seria 'uma vergonha'
“Imaginem – disse o Papa, improvisando – se a festa terminasse com um chá. Seria uma vergonha... O vinho era necessário”.
Jesus, transformando em vinho a água das ânforas, que era utilizada ‘para a purificação dos judeus’, realiza outro sinal eloquente: transforma a Lei de Moisés em Evangelho, portador da alegria.

Obedecer e servir o Senhor
O Papa ressaltou também a frase de Maria aos servidores: “Façam tudo o que Ele lhes disser”. Segundo o Pontífice, estas últimas palavras contidas no Evangelho representam a herança que Ele deixa a todos nós. E de fato, quando Jesus disse “Encham as ânforas de água e levem-nas ao encarregado da festa”, todos o obedecem.
“Servir o Senhor significa ouvir e colocar em prática a sua Palavra. A recomendação simples, mas essencial da Mãe de Jesus, é o programa de vida do cristão. Para cada um de nós, beber daquela ânfora equivale a confiar-se a Deus e experimentar a sua eficácia na vida”.

Há sempre o vinho bom para a salvação
Completando, o Papa disse que assim como naquela ocasião Jesus guardou o vinho bom para o fim do banquete, o Senhor continua a reservar o vinho bom para a nossa salvação.   
“As Núpcias de Caná são muito mais do que o simples relato do primeiro milagre de Jesus. Em Caná, Jesus une os seus discípulos a si com uma Aliança, nova e definitiva; eles se tornam a sua família e ali nasce a fé da Igreja. Todos nós estamos convidados para aquelas Núpcias, porque o vinho novo nunca falta!”, conclui Francisco.

PAPA FRANCISCO
MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA CASA SANTA MARTA
Espírito na gaiola
 Segunda-feira, 30 de maio de 2016

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 22 de 2 de junho de 2016  

«Profecia, memória e esperança»: são as três características que tornam livres as pessoas, o povo, a Igreja, impedindo que se acabe num «sistema fechado» de normas que engaiolam o Espírito Santo. «É claro a quem fala Jesus com esta parábola: aos chefes dos sacerdotes, aos escribas e aos idosos do povo» fez notar imediatamente o Papa referindo-se ao trecho evangélico de Marcos (12, 1-12) proposto pela liturgia. Portanto «para eles» o Senhor usa «a imagem da videira», que «na Bíblia é a imagem do povo de Deus, a imagem da Igreja e também da nossa alma». Assim, explicou Francisco, «o Senhor cura a videira, circunda-a, escava um buraco para a prensa, constrói uma torre».
Reconhece-se precisamente neste trabalho «todo o amor e ternura de Deus para criar o seu povo: o Senhor sempre fez isto com muito amor e ternura». E «ele lembra sempre a este povo quando lhe era fiel, quando o seguia no deserto, quando procurava o seu rosto». Mas «depois a situação inverteu-se e o povo apoderou-se deste dom de Deus» gritando: «Nós somos nós, somos livres!». Aquele povo «não pensa, não recorda que foram as mãos, o coração de Deus que o fez, e assim torna-se um povo sem memória, sem profecia, sem esperança».
Por conseguinte, é «aos chefes deste povo» que Jesus se dirige «com esta parábola: um povo sem memória perdeu a memória dom da oferenda; e atribui a si mesmo aquilo que é: nós podemos!». Muitas vezes na Bíblia fala-se de «ascetas, profetas» — afirmou o Papa — e «o próprio Jesus sublinha a importância da memória: um povo sem memória não é povo, esquece as suas raízes, esquece a sua história».
Moisés no livro do Deuteronómio, repete várias vezes este conceito: «Recordai, recorda!». Com efeito, é «o livro da memória do povo, do povo de Israel; é o livro da memória da Igreja, mas é também o livro da nossa memória pessoal». É precisamente «aquela dimensão deuteronómica da vida, da vida de um povo ou da vida de uma pessoa, que faz voltar sempre às raízes para recordar e fazer com que não erremos no caminho». Ao contrário, as pessoas às quais Jesus se dirige com a parábola «tinham perdido a memória: tinham perdido a memória do dom, da prenda que Deus lhes tinha feito».
«Tendo perdido a memória, é um povo incapaz de dar lugar aos profetas», prosseguiu Francisco. De facto, o próprio Jesus lhes «diz que mataram os profetas, porque os profetas são incómodos, os profetas dizem-nos sempre aquilo que nós não queremos ouvir». E assim «Daniel em Babilónia lamenta-se: “Nós, hoje, não temos profetas!”». Palavras que encerram aquela realidade de «um povo sem profetas» que lhes «indiquem o caminho e lhes recordem: o profeta é aquele que recupera a memória e faz ir em frente». Eis porque «Jesus diz aos chefes do povo: “Vós perdestes a memória e não tendes profetas. Aliás: quando vieram os profetas, matastes-los!”».
A atitude dos chefes do povo era evidente: «Não precisamos dos profetas, nós somos nós!”». Mas «sem memória e sem profetas — admoestou o Pontífice — torna-se um povo sem esperança, um povo sem horizontes, um povo fechado em si mesmo que não se abre às promessas de Deus, que não espera as promessas de Deus». Portanto, «um povo sem memória, sem profecia e sem esperança: este é o povo que os chefes dos sacerdotes, os escribas, os idosos fizeram do povo de Israel».
E «onde está a fé?», questionou-se Francisco. «Na multidão», respondeu, evidenciando que no Evangelho se lê: «Procuravam capturá-lo, mas tiveram medo da multidão». Com efeito, estas pessoas «tinham compreendido a verdade e, no meio dos seus pecados, tinham memória, estavam abertos à profecia, procuravam a esperança». Um exemplo, neste sentido, vem dos «dois idosos, Simeão e Ana, pessoas de memória, de profecia e de esperança».
Ao contrário, «os chefes do povo» legitimavam o seu pensamento circundando-se «de advogados, de doutores da lei, que fazem seu um sistema jurídico fechado: acho — comentou o Pontífice — que havia quase seiscentos mandamentos». E assim «fechado, seguro», era o seu pensamento, com a ideia que «se salvarão aqueles que fizerem isto; dos outros não nos interessa, a memória não interessa». No que diz respeito à «profecia: melhor que os profetas não venham» E «a esperança? Mas, cada um a verá». Este «é o sistema através do qual legitimam: doutores da lei, teólogos que percorrem sempre o caminho da casuística e não permitem a liberdade do Espírito Santo; não reconhecem o dom de Deus, o dom do Espírito e engaiolam o Espírito, porque não permitem a profecia na esperança».
É precisamente este «o sistema religioso ao qual Jesus fala». Um sistema «de corrupção, de mundanidade e de concupiscência», como diz o trecho da segunda carta de São Pedro (1, 2-7), proposto na primeira leitura. Até o próprio Jesus «foi tentado a perder a memória da sua missão, a não dar lugar à profecia e a escolher a segurança em vez da esperança». A este propósito o Papa recordou «as três tentações no deserto: “Faz um milagre e demonstra o teu poder!”; “Lança-te do pináculo do templo e assim todos acreditarão!”; “Adora-me!”».
«A estas pessoas Jesus, dado que conhecia por experiência a tentação» do «sistema fechado», reprova o facto de percorrer «meio mundo para obter um prosélito» e para o tornar «escravo». E assim «este povo tão organizado, esta Igreja tão organizada, cria escravos». A ponto que «se compreende como reage Paulo, quando fala da escravidão da lei e da liberdade que a graça te proporciona». Porque «um povo é livre, uma Igreja é livre quando tem memória, quando dá lugar aos profetas, quando não perde a esperança».
«Que o Senhor nos ensine esta lição, também para a nossa vida» auspiciou Francisco na conclusão, sugerindo que perguntemos a nós mesmos com um verdadeiro exame de consciência: «Será que tenho memória das maravilhas que o Senhor fez na minha vida? Tenho memória dos dons do Senhor? Sou capaz de abrir o coração aos profetas, ou seja, ao que me diz: “isto não está bem, tens que ir por outro lado, vai em frente, arrisca”, como fazem os profetas? Será que estou aberto a isto ou sou medroso e prefiro fechar-me na gaiola da lei?». E por fim: «Será que tenho esperança nas promessas de Deus, como teve o nosso pai Abraão, que saiu da sua terra sem saber para onde ia, somente porque esperava em Deus?».


SANTA MISSA NA BASÍLICA DE GUADALUPE

HOMILIA DO SANTO PADRE


Acabámos de escutar como Maria foi visitar a prima Isabel. Sem demora nem hesitação, apressadamente, vai fazer companhia à sua parente que estava nos últimos meses de gravidez.
O encontro com o anjo não deteve Maria, porque não Se sentiu privilegiada, nem no dever de Se afastar dos seus. Pelo contrário, reavivou e pôs em marcha uma atitude pela qual Maria é e será sempre identificada como a mulher do sim, um sim de entrega a Deus e, ao mesmo tempo, um sim de entrega aos seus irmãos. É o sim que A pôs em marcha para dar o melhor de Si mesma, caminhando ao encontro dos outros.
Escutar esta passagem do Evangelho nesta casa tem um sabor especial. Maria, a mulher do sim, também quis visitar os habitantes desta terra da América na pessoa do índio São Juan Diego. Assim como se moveu pelas estradas da Judeia e da Galileia, da mesma forma alcançou Tepeyac, com as suas roupas, usando a sua língua, para servir esta grande nação. E assim como acompanhou a gravidez de Isabel, acompanhou e acompanha a gestação desta abençoada terra mexicana. Assim como Se apresentou ao humilde Juanito, de igual modo continua a fazer-se presente junto de todos nós, especialmente daqueles que sentem, como ele, que «não valem nada» (cf. Nican Mopohua, 55). Aquela escolha particular, digamos preferencial, de Juanito não foi contra ninguém, mas a favor de todos. Juan, o índio humilde que a si mesmo se designava como «mecapalcacaxtle, cauda, asa, necessitado ele próprio de ser conduzido» (cf. ibidem), tornou-se «o mensageiro, muito digno de confiança».
Naquela madrugada de Dezembro de 1531, tinha lugar o primeiro milagre que se tornará depois a memória viva de tudo o que guarda este Santuário. Naquele amanhecer, naquele encontro, Deus despertou a esperança de seu filho Juan, a esperança dum povo. Naquele amanhecer, Deus despertou e desperta a esperança dos mais humildes, dos atribulados, dos deslocados e marginalizados, de quantos sentem que não têm um lugar digno nestas terras. Naquele amanhecer, Deus aproximou-Se e aproxima-Se do coração atribulado mas resistente de tantas mães, pais, avós que viram os seus filhos partir, viram-nos perdidos ou mesmo arrebatados pela criminalidade.
Naquele amanhecer, Juanzito experimenta na sua vida o que é a esperança, o que é a misericórdia de Deus. É escolhido para vigiar, cuidar, proteger e incentivar a construção deste Santuário. Mais do que uma vez, disse à Virgem que ele não era a pessoa certa; antes, se Ela queria levar por diante aquela obra, deveria escolher outros, porque ele não tinha instrução, não era formado, nem pertencia ao grupo daqueles que poderiam realizá-la. Maria, decididamente – com a decisão que nasce do coração misericordioso do Pai –, não aceita: ele seria o seu mensageiro.
Deste modo consegue manifestar algo difícil de expressar, uma verdadeira e própria imagem transparente de amor e de justiça: na construção do outro santuário – o santuário da vida, o das nossas comunidades, sociedades e culturas –, ninguém pode ser deixado de fora. Todos somos necessários, sobretudo aqueles que normalmente não contam porque não estão à «altura das circunstâncias» ou porque não «contribuem com o capital necessário» para a sua construção. O santuário de Deus é a vida dos seus filhos, de todos e em todas as condições, especialmente dos jovens sem futuro, expostos a uma infinidade de situações dolorosas e arriscadas, e dos idosos sem reconhecimento, esquecidos em tantos cantos. O santuário de Deus são as nossas famílias que precisam do mínimo necessário para se poderem formar e sustentar. O santuário de Deus é o rosto de tantos que encontramos no nosso caminho...
Ao visitar este Santuário, pode-nos acontecer o mesmo que sucedeu a Juan Diego: olhar a Mãe a partir das nossas dores, medos, desesperos, tristezas, e dizer-Lhe: «Que posso dar eu, se não sou uma pessoa instruída?». Fixamos a Mãe, com olhos que dizem: «Há tantas situações que nos tiram a força, que nos fazem sentir que não há espaço para a esperança, para a mudança, para a transformação».
Por isso, creio que hoje nos fará bem um pouco de silêncio e olhá-La; olhá-La intensamente e com calma, dizendo-Lhe como aquele outro filho que A amava muito:
«Olhar-Te simplesmente - Mãe -,
deixando aberto só o olhar;
Olhar-Te de cima a baixo, sem Te dizer nada,
e dizer-Te tudo, mudo e reverente.
Não turbar o vento da tua fronte;
só abrigar a minha solidão violada
nos teus olhos de Mãe enamorada
e no teu ninho de terra transparente.
As horas precipitam; fustigados
mordem os homens insensatos a imundície
da vida e da morte, com os seus rumores.
Olhar-Te, Mãe; contemplar-Te apenas,
o coração silencioso na tua ternura,
no teu casto silêncio de açucenas» (Hino litúrgico).
E no silêncio, enquanto ficamos a contemplá-La, ouvir que nos repete mais uma vez: «Que tens, meu filho, o menor de todos? O que é que entristece o teu coração?» (cf. Nican Mopohua, 107.108) «Porventura não estou aqui Eu, Eu que tenho a honra de ser tua mãe?» (ibid., 119).
Ela diz-nos que tem a «honra» de ser nossa mãe. Isto dá-nos a certeza de que as lágrimas daqueles que sofrem, não são estéreis. São uma oração silenciosa que sobe até ao céu e que, em Maria, encontra sempre lugar sob o seu manto. N’Ela e com Ela, Deus faz-Se irmão e companheiro de estrada, carrega connosco as cruzes para não deixar as nossas dores esmagar-nos.
Porventura não sou tua mãe? Não estou Eu aqui? Não te deixes vencer pelas tuas dores, pelas tuas tristezas: diz-nos Ela. Hoje, volta a enviar-nos como a Juanito; hoje repete para nós: Sê o meu mensageiro, sê o meu enviado para construir muitos santuários novos, acompanhar tantas vidas, consolar tantas lágrimas. Basta que caminhes pelas estradas do teu bairro, da tua comunidade, da tua paróquia como meu mensageiro, minha mensageira; levanta santuários compartilhando a alegria de saber que não estamos sozinhos, que Ela está connosco. Sê o meu mensageiro – diz-nos – dando de comer aos famintos, de beber aos sedentos; oferece um lugar aos necessitados, veste os nus e visita os doentes. Socorre os prisioneiros, não os deixes sozinhos, perdoa a quem te fez mal, consola quem está triste, tem paciência com os outros e sobretudo implora e invoca o nosso Deus. E, no silêncio, diz-Lhe o que te vier ao coração.
Porventura não sou Eu a tua mãe? Porventura não estou Eu aqui? – diz-nos novamente Maria. Vai construir o meu santuário, ajuda-Me a erguer a vida dos meus filhos, que são teus irmãos.






Papa Francisco indica na Quaresma uma oportunidade para a conversão e solidariedade - obras tempo
Resultado de imagem para papa francisco e a misericordia"Um tempo favorável para finalmente sair da sua alienação existencial através da escuta da Palavra e as obras de misericórdia." Então Papa Francis, em sua mensagem para a Quaresma de 2016, convida os cristãos a se preparar para a Páscoa do Ano Jubilar. Um tempo para viver "mais intensamente - o Papa recomendado - como poderoso momento para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus." "A misericórdia de Deus - disse o pontífice - transforma o coração do homem e lhe faz experimentar um amor verdadeiro e por isso torna-se capaz de misericórdia. É um milagre que sempre nova misericórdia divina pode irradiar na vida de cada um de nós, motivando-nos a amar o próximo e animar aqueles que a tradição da Igreja chama os trabalhos corporais e espirituais de misericórdia. Eles nos lembram que a nossa fé se traduz em ações concretas, jornais, destinados a ajudar o nosso vizinho de corpo e espírito, e sobre o qual seremos julgados: alimentá-lo, visitá-lo, confortá-lo, trazê-lo para cima ".

Oração para o Jubileu da Misericórdia... (Papa Francisco)


Senhor Jesus Cristo que nos ensinastes a ser misericordiosos como o Pai do Céu
e que dissestes quem te vê, vê também o Pai.
Mostra-nos o teu rosto e seremos salvos.
Teu olhar amoroso libertou Zaqueu e também Mateus da escravidão do dinheiro;
a adúltera e a Madalena de buscar a felicidade somente nas criaturas;
fez chorar a Pedro da sua negação, e deu o Paraíso ao Bom ladrão arrependido.
Faz que cada um de nós escute, como própria, a palavra que tu disseste á Samaritana:
Se tu conhecesses o dom de Deus!
Tu és o rosto visível do Pai invisível, do Deus que manifesta sua omnipotência sobre tudo no perdão e na misericórdia:
Faz que, no mundo a Igreja seja o rosto visível de Ti, seu Senhor ressuscitado e glorioso.
Tu quiseste também que os teus ministros fossem revestidos de debilidade,
para que sintam sincera compaixão dos que se encontram na ignorância ou no erro:
Faz com que quem se aproximar a um deles se sinta acolhido, amado e perdoado
por Deus.
Manda teu Espírito e consagra-nos a todos com a sua unção, para que o Jubileu da Misericórdia seja um ano de graça do Senhor e tua Igreja possa, com renovado entusiasmo, levar a Boa Nova aos pobres,
proclamar a liberdade aos prisioneiros e  oprimidos
restituir a vista aos cegos.
Te o pedimos por intercessão de Maria, Mãe da Misericórdia,

a ti que vives e reinas com o Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. 


HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica Vaticana

Sexta-feira, 1° de Janeiro de 2016


Ouvimos as palavras do apóstolo Paulo: «Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher» (Gl 4, 4).
Que significa Jesus nasceu na «plenitude do tempo»? Se o nosso olhar se fixa no momento histórico, podemos imediatamente ficar decepcionados. Sobre grande parte do mundo conhecido de então, dominava Roma com o seu poderio militar. O imperador Augusto chegara ao poder depois de ter combatido cinco guerras civis. Também Israel fora conquistado pelo Império Romano e o povo eleito estava privado da liberdade. Por conseguinte, aquele não era certamente o tempo melhor para os contemporâneos de Jesus. Portanto, se queremos definir o clímax do tempo, não é para a esfera geopolítica que devemos olhar.
É necessária uma interpretação diferente, que entenda a plenitude a partir de Deus. No momento em que Deus estabelece ter chegado a hora de cumprir a promessa feita, realiza-se então, para a humanidade, a plenitude do tempo. Por isso, não é a história que decide acerca do nascimento de Cristo; mas, ao invés, é a sua vinda ao mundo que permite à história chegar à sua plenitude. É por isso que se começa, do nascimento do Filho de Deus, o cálculo duma nova era, ou seja, a que vê o cumprimento da antiga promessa. Como escreve o autor da Carta aos Hebreus, «muitas vezes e de muitos modos, falou Deus aos nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas. Nestes dias, que são os últimos, Deus falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por meio de quem fez o mundo. Este Filho é resplendor da sua glória e imagem fiel da sua substância e tudo sustenta com a sua palavra poderosa» (1, 1-3). Assim, a plenitude do tempo é a presença de Deus em pessoa na nossa história. Agora, podemos ver a sua glória que refulge na pobreza dum estábulo, e ser encorajados e sustentados pelo seu Verbo que Se fez «pequeno» numa criança. Graças a Ele, o nosso tempo pode encontrar a sua plenitude. Também o nosso tempo pessoal encontrará a sua plenitude no encontro com Jesus Cristo, Deus feito homem.
Este mistério, porém, sempre contrasta com a dramática experiência histórica. Cada dia, quereríamos ser sustentados pelos sinais da presença de Deus, mas o que constatamos são sinais opostos, negativos, que fazem antes senti-Lo como ausente. A plenitude do tempo parece esboroar-se perante as inúmeras formas de injustiça e violência que ferem diariamente a humanidade. Às vezes perguntamo-nos: Como é possível que perdure a prepotência do homem sobre o homem? Que a arrogância do mais forte continue a humilhar o mais fraco, relegando-o para as margens mais esquálidas do nosso mundo? Até quando a maldade humana semeará na terra violência e ódio, causando vítimas inocentes? Como pode ser o tempo da plenitude este que coloca diante dos nossos olhos multidões de homens, mulheres e crianças que fogem da guerra, da fome, da perseguição, dispostos a arriscar a vida para verem respeitados os seus direitos fundamentais? Um rio de miséria, alimentado pelo pecado, parece contradizer a plenitude do tempo realizada por Cristo. Lembrai-vos, queridos pueri cantores, que esta era precisamente a terceira pergunta que me fizestes ontem? Como se explica? Até as crianças se dão conta disto!

Contudo este rio alagador nada pode contra o oceano de misericórdia que inunda o nosso mundo. Todos nós somos chamados a mergulhar neste oceano, a deixarmo-nos regenerar, para vencer a indiferença   

Publicamos aqui o texto integral da Homilia do Papa Francisco na Missa da Noite de Natal:

Nesta noite, resplandece «uma grande luz» (Is 9, 1); sobre todos nós, brilha a luz do nascimento de Jesus. Como são verdadeiras e actuais as palavras que ouvimos do profeta Isaías: «Multiplicaste a alegria, aumentaste o júbilo» (9, 2)! O nosso coração já estava cheio de alegria vislumbrando este momento; mas, agora, aquele sentimento multiplica-se e sobreabunda, porque a promessa se cumpriu: finalmente realizou-se. Júbilo e alegria garantem-nos que a mensagem contida no mistério desta noite provém verdadeiramente de Deus. Não há lugar para a dúvida; deixemo-la aos cépticos, que, por interrogarem apenas a razão, nunca encontram a verdade. Não há espaço para a indiferença, que domina no coração de quem é incapaz de amar, porque tem medo de perder alguma coisa. Fica afugentada toda a tristeza, porque o Menino Jesus é o verdadeiro consolador do coração.
            Hoje, o Filho de Deus nasceu: tudo muda. O Salvador do mundo vem para Se tornar participante da nossa natureza humana: já não estamos sós e abandonados. A Virgem oferece-nos o seu Filho como princípio de vida nova. A verdadeira luz vem iluminar a nossa existência, muitas vezes encerrada na sombra do pecado. Hoje descobrimos de novo quem somos! Nesta noite, torna-se-nos patente o caminho que temos de percorrer para alcançar a meta. Agora, deve cessar todo o medo e pavor, porque a luz nos indica a estrada para Belém. Não podemos permanecer inertes. Não nos é permitido ficar parados. Temos de ir ver o nosso Salvador, deitado numa manjedoura. Eis o motivo do júbilo e da alegria: este Menino «nasceu para nós», foi-nos «dado a nós», como anuncia Isaías (cf. 9, 5). A um povo que, há dois mil anos, percorre todas as estradas do mundo para tornar cada ser humano participante desta alegria, é confiada a missão de dar a conhecer o «Príncipe da paz» e tornar-se um instrumento eficaz d’Ele no meio das nações.
Por isso, quando ouvirmos falar do nascimento de Cristo, permaneçamos em silêncio e deixemos que seja aquele Menino a falar; gravemos no nosso coração as suas palavras, sem afastar o olhar do seu rosto. Se O tomarmos nos nossos braços e nos deixarmos abraçar por Ele, dar-nos-á a paz do coração que jamais terá fim. Este Menino ensina-nos aquilo que é verdadeiramente essencial na nossa vida. Nasce na pobreza do mundo, porque, para Ele e sua família, não há lugar na hospedaria. Encontra abrigo e protecção num estábulo e é deitado numa manjedoura para animais. E todavia, a partir deste nada, surge a luz da glória de Deus. A partir daqui, para os homens de coração simples, começa o caminho da verdadeira libertação e do resgate perene. Deste Menino, que, no seu rosto, traz gravados os traços da bondade, da misericórdia e do amor de Deus Pai, brota – em todos nós, seus discípulos, como ensina o apóstolo Paulo – a vontade de «renúncia à impiedade» e à riqueza do mundo, para vivermos «com sobriedade, justiça e piedade» (Tt 2, 12).
Numa sociedade frequentemente embriagada de consumo e prazer, de abundância e luxo, de aparência e narcisismo, Ele chama-nos a um comportamento sóbrio, isto é, simples, equilibrado, linear, capaz de individuar e viver o essencial. Num mundo que demasiadas vezes é duro com o pecador e brando com o pecado, há necessidade de cultivar um forte sentido da justiça, de buscar e pôr em prática a vontade de Deus. No seio duma cultura da indiferença, que não raramente acaba por ser cruel, o nosso estilo de vida seja, pelo contrário, cheio de piedade, empatia, compaixão, misericórdia, extraídas diariamente do poço de oração.
Como os pastores de Belém, possam também os nossos olhos encher-se de espanto e maravilha, contemplando no Menino Jesus o Filho de Deus. E, diante d’Ele, brote dos nossos corações a invocação: «Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia, concede-nos a tua salvação» (Sal 85/84, 8).




Na mensagem para o Dia Mundial da Paz 2016, 01 de janeiro, o Papa destaca a indiferença como ameaça à  paz e convida a manter esperança mesmo em meio a conflitos.

A mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz 2016 foi divulgada pelo Vaticano nesta terça-feira, 15, em coletiva de imprensa. No texto que tem como tema “Vence a indiferença e conquista a paz” Francisco convida a promover uma cultura de solidariedade e misericórdia para vencer a indiferença que ameaça a paz.
A mensagem do Papa é dividida em sete partes: “proteger as razões da esperança”, “algumas formas de indiferença”, “a paz ameaçada pela indiferença globalizada”, “da indiferença à misericórdia: a conversão do coração”, “promover uma cultura de solidariedade e misericórdia para vencer a indiferença”, “a paz: fruto de uma cultura de solidariedade, misericórdia e compaixão” e, por fim, “a paz no sinal do Jubileu da Misericórdia”.


   
AUDIÊNCIA GERAL
Quarta-feira, 4 de Novembro de 2015


Locutor:
Quero hoje falar-vos da família como dum grande ginásio, onde se treina para o dom e o perdão recíproco. Não se pode viver sem nos perdoarmos, ou pelo menos não se pode viver bem, especialmente em família. No dia-a-dia, não faltam ocasiões em que nos portamos mal e somos injustos com os outros. Então o que temos de fazer é procurar imediatamente curar as feridas que causamos. Porque, se adiarmos demasiado, tudo se torna mais difícil. Se, pelo contrário, aprendermos a pedir logo desculpa e a perdoar-nos mutuamente, curam-se a feridas, revigora-se o matrimónio e a família torna-se uma casa cada vez mais sólida que resiste aos abalos das nossas pequenas e grandes maldades. Muitos pensam e dizem que o dom e o perdão são palavras bonitas, mas impossíveis de pôr em prática. Graças a Deus, não é assim! Na verdade, é recebendo o perdão de Deus que somos capazes de, por nossa vez, perdoar aos outros. Por isso, Jesus nos faz repetir estas palavras todos os dias, quando rezamos o Pai-Nosso. E é indispensável que, na nossa sociedade por vezes desalmada, haja lugares, como a família, onde seja possível aprender a perdoar-nos uns aos outros. Verdadeiramente as famílias cristãs podem ajudar muito a sociedade actual e a própria Igreja. Por isso desejo que, no Jubileu da Misericórdia, as famílias descubram, de maneira nova e mais profunda, o tesouro do perdão recíproco.

Santo Padre:
Con cordiale affetto, saluto tutti i pellegrini di lingua portoghese, in particolare il gruppo brasiliano diMogi das Cruzes. Il Signore vi benedica, perché siate dovunque faro di luce del Vangelo per tutti. Possa questo pellegrinaggio rinvigorire nei vostri cuori il sentire e il vivere con la Chiesa. La Madonna accompagni e protegga voi tutti e i vostri cari!

Locutor:
Com cordial afecto, saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, em particular o grupo brasileiro de Mogi das Cruzes. O Senhor vos abençoe, para serdes em toda a parte farol de luz do Evangelho para todos. Possa esta peregrinação fortalecer nos vossos corações o sentir e o viver com a Igreja. Nossa Senhora acompanhe e proteja a vós todos e aos vossos entes queridos.

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!

Este nosso encontro realiza-se no clima espiritual do Advento, que se tornou ainda mais intenso graças à Novena do Santo Natal, que estamos a viver nestes dias e que nos conduz às festividades natalícias. Por isso, hoje gostaria de meditar convosco sobre o Natal de Jesus, festa da confiança e da esperança, que supera a incerteza e o pessimismo. E a razão da nossa esperança é a seguinte: Deus está ao nosso lado, Deus ainda confia em nós! Mas pensai bem nisto: Deus está ao nosso lado, Deus ainda confia em nós! Este Deus Pai é generoso! Ele vem habitar com os homens, escolhe a terra como a sua morada para estar ao lado do homem e para se encontrar lá onde o homem transcorre os seus dias na alegria ou na dor. Portanto, a terra já não é só um «vale de lágrimas», mas o lugar onde o próprio Deus construiu a sua tenda, o lugar do encontro de Deus com o homem, da solidariedade de Deus para com os homens.
Deus quis compartilhar a nossa condição humana, a ponto de se fazer um só connosco na pessoa de Jesus, verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Contudo, existe algo ainda mais surpreendente. A presença de Deus no meio da humanidade não se concretizou num mundo ideal, idílico, mas neste mundo real, marcado por muitas situações boas e más, caracterizado por divisões, maldade, pobreza, prepotências e guerras. Ele quis habitar na nossa história como ela é, com todo o peso dos seus limites e dos seus dramas. Agindo deste modo, demonstrou de modo insuperável a sua inclinação misericordiosa e repleta de amor pelas criaturas humanas. Ele é Deus connosco; Jesus é Deus connosco. Vós acreditais nisto? Juntos, façamos esta profissão: Jesus é Deus connosco! Jesus é Deus connosco desde sempre e para sempre ao nosso lado nos sofrimentos e nas dores da história. O Natal de Jesus é a manifestação de que Deus se «alinhou» uma vez por todas da parte do homem, para nos salvar, para nos elevar da poeira das nossas misérias, das nossas dificuldades, dos nossos pecados.
É daqui que provém o grande «presente» do Menino de Belém: Ele traz-nos uma energia espiritual, uma energia que nos ajuda a não precipitar nas nossas dificuldades, nos nossos desesperos e nas nossas amarguras, porque se trata de uma energia que aquece e transforma o coração. Com efeito, o nascimento de Jesus traz-nos a bonita notícia de que somos amados imensa e singularmente por Deus, e de que Ele não só nos faz conhecer este amor, mas também no-lo concede, no-lo comunica!
Da contemplação jubilosa do mistério do Filho de Deus que nasceu para nós, podemos fazer duas considerações.
A primeira é que, se no Natal Deus se revela não como alguém que está no alto e que domina o universo, mas como Aquele que se abaixa, que desce sobre a terra pequenino e pobre, significa que para sermos semelhantes a Ele não devemos colocar-nos acima dos outros mas, ao contrário, abaixar-nos, pôr-nos ao seu serviço, tornar-nos pequeninos com os pequeninos, pobres com os pobres. Mas é triste quando vemos um cristão que não quer humilhar-se, que não aceita servir. É triste quando o cristão se vangloria em toda a parte: ele não é cristão, mas pagão. O cristão serve, abaixa-se. Façamos com que estes nossos irmãos e irmãs nunca se sintam sozinhos!
A segunda consideração: se, através de Jesus, Deus se comprometeu com o homem a ponto de se tornar como um de nós, quer dizer que tudo o que fizermos a um irmão ou a uma irmã, a Ele o fazemos. Foi o próprio Jesus quem no-lo recordou: quem alimenta, acolhe, visita e ama um destes mais pequeninos e mais pobres entre os homens, ao Filho de Deus que o faz.

Confiemo-nos a Deus, à intercessão maternal de Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, a fim de que nos ajude neste Santo Natal, já iminente, a reconhecer no rosto do nosso próximo, especialmente das pessoas mais frágeis e marginalizadas, a imagem do Filho de Deus que se fez homem.