Como vivemos
a Eucaristia? Quando vamos à Missa aos domingos, como a vivemos? É apenas um
momento de festa, uma tradição consolidada, uma ocasião para nos encontrarmos,
para estarmos à vontade, ou então é algo mais?
Existem
sinais muito concretos para compreender como vivemos tudo isto, como vivemos a
Eucaristia; sinais que nos dizem se vivemos bem a Eucaristia, ou se não a
vivemos muito bem. O primeiro indício é o nosso modo de ver e considerar os
outros. Na Eucaristia Cristo oferece sempre de novo o dom de si que já concedeu
na Cruz. Toda a sua vida é um gesto de partilha total de si mesmo por amor; por
isso, Ele gostava de estar com os discípulos e com as pessoas que tinha a
oportunidade de conhecer. Para Ele, isto significava partilhar os seus desejos,
os seus problemas, aquilo que agitava as suas almas e vidas. Pois bem, quando
participamos na Santa Missa encontramo-nos com homens e mulheres de todos os
tipos: jovens, idosos e crianças; pobres e abastados; naturais do lugar e
estrangeiros; acompanhados pelos familiares e pessoas sós… Mas a Eucaristia que
eu celebro leva-me a senti-los todos verdadeiramente como irmãos e irmãs? Faz
crescer em mim a capacidade de me alegrar com quantos rejubilam, de chorar com
quem chora? Impele-me a ir ao encontro dos pobres, dos enfermos e dos
marginalizados? Ajuda-me a reconhecer neles o rosto de Jesus? Todos nós vamos à
Missa porque amamos Jesus e, na Eucaristia, queremos compartilhar a sua paixão
e ressurreição. Mas amamos, como deseja Jesus, os irmãos e irmãs mais necessitados?
Um segundo
indício, muito importante, é a graça de nos sentirmos perdoados e prontos para
perdoar. Por vezes, alguém pergunta: «Por que deveríamos ir à igreja, visto que
quem participa habitualmente na Santa Missa é pecador como os outros?». Quantas
vezes ouvimos isto! Na realidade, quem celebra a Eucaristia não o faz porque se
considera ou quer parecer melhor do que os outros, mas precisamente porque se
reconhece sempre necessitado de ser acolhido e regenerado pela misericórdia de
Deus, que se fez carne em Jesus Cristo. Se não nos sentirmos necessitados da
misericórdia de Deus, se não nos sentirmos pecadores, melhor seria não irmos à
Missa! Nós vamos à Missa porque somos pecadores e queremos receber o perdão de
Deus, participar na redenção de Jesus e no seu perdão. Aquele «Confesso» que
recitamos no início não é um «pro forma», mas um verdadeiro ato de penitência!
Sou pecador e confesso-o: assim começa a Missa! Nunca devemos esquecer que a
Última Ceia de Jesus teve lugar «na noite em que Ele foi entregue» (1 Cor 11,
23). Naquele pão e naquele vinho que oferecemos, e ao redor dos quais nos
congregamos, renova-se de cada vez a dádiva do corpo e do sangue de Cristo,
para a remissão dos nossos pecados. Temos que ir à Missa como pecadores,
humildemente, e é o Senhor que nos reconcilia.
É preciso ter
sempre presente que a Eucaristia não é algo que nós fazemos; não é uma nossa
comemoração daquilo que Jesus disse e fez. Não! É precisamente uma ação de
Cristo! Ali, é Cristo quem age, Cristo sobre o altar! É um dom de Cristo, que
se torna presente e nos reúne ao redor de Si, para nos alimentar com a sua
Palavra e a sua vida. Isto significa que a própria missão e identidade da
Igreja derivam dali, da Eucaristia, e ali sempre adquirem forma. Uma celebração
pode até ser impecável sob o ponto de vista exterior, maravilhosa, mas se não
nos levar ao encontro com Jesus corre o risco de não oferecer alimento algum ao
nosso coração e à nossa vida. Através da Eucaristia, ao contrário, Cristo quer
entrar na nossa existência e permeá-la com a sua graça, de tal modo que em cada
comunidade cristã haja coerência entre liturgia e vida.
O coração
transborda de confiança e de esperança, pensando nas palavras de Jesus, citadas
no Evangelho: «Quem comer a minha carne e beber o meu sangue terá a vida
eterna; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia» (Jo 6, 54). Vivamos a Eucaristia
com espírito de fé, de oração, de perdão, de penitência, de júbilo comunitário,
de solicitude pelos necessitados e pelas carências de numerosos irmãos e irmãs,
na certeza de que o Senhor cumprirá aquilo que nos prometeu: a vida eterna. Assim seja! (Da catequese de Papa Francisco)