sábado, 28 de março de 2015

Hosana e Cruz

Com o Domingo de Ramos começamos a Semana Santa. Somos convidados a contemplar o grande amor de Deus, que desceu ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, fez-se homem, deixou-se matar pela nossa salvação.
É uma oportunidade para reviver os mistérios centrais da Redenção.

A Liturgia lembra DOIS FATOS:

- A Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém montado num jumento.
  O povo o reconhece como Salvador e o aclama alegre... (Jo 12,12-16)
- O Começo da Semana Santa,
  com a leitura da Paixão de Jesus Cristo, segundo São Marcos... (Mc 14,1-15,47)
  * Dois momentos da vida de Cristo: O Triunfo e a Humilhação...

Ao longo dessa Semana Santa, teremos a oportunidade de ler as 4 narrativas da Paixão de Jesus Cristo.
Desejo aprofundar aspectos específicos da narrativa de São Marcos.
É a primeira, a mais antiga (± 65 dC): a mais breve e dramática...
É a que mantém uma ordem cronológica mais exata...

+ Introdução: Marcos introduz com duas referências à CEIA:
- A ceia de Betânia, na casa de Simão, na qual Jesus é ungido por uma mulher.
  O gesto generoso da Mulher contrasta com a atitude egoísta e traidora de Judas.
- A Ceia Pascal com os discípulos.

1. Jesus mantém um SILÊNCIO solene e digno, aceitando o caminho da cruz.
Não reage diante do beijo de Judas e ao gesto violento de Pedro.
É a atitude de quem sabe que o Pai lhe confiou uma missão e está decidido a cumprir essa missão, custe o que custar.
- No tribunal, quando acusado, Jesus manteve silêncio.
Mas quando perguntado se era o Messias, reponde prontamente:
"Sim, eu sou", e só. Durante o processo: nenhuma palavra.

2. Jesus é o FILHO DE DEUS, que veio ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de Salvação.
É o que Jesus responde ao Sumo Sacerdote: "Eu sou" e o que o Centurião afirma aos pés da cruz:
 "Verdadeiramente esse homem era Filho de Deus".
É o ponto culminante da narrativa de Marcos, que no seu evangelho procura responder: "Quem é Jesus?"
A resposta (a descoberta) não foi feita por um apóstolo, nem mesmo por um discípulo, mas por um pagão.

3. Jesus é também HOMEM
    e partilha da fragilidade e debilidade da natureza humana:
No Jardim, antes de ser preso, "começa a sentir grande pavor e angústia".
Mostra-nos um Jesus muito humano... muito próximo de nossas fraquezas.
4. Sublinha a Solidão de Cristo: Abandonado pelos discípulos, escarnecido pela multidão, condenado pelos líderes, torturado pelos soldados, Jesus percorre na solidão, no abandono, na indiferença de todos o seu caminho de morte.
Só Marcos faz questão de sublinhar que Jesus se sentiu completamente só, abandonado por todos, até pelo Pai:
"Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?"

5. Fato curioso: Um jovem o seguia, coberto somente de um lençol.
Quando os soldados tentaram agarrá-lo, livrou-se da roupa e fugiu despido.
É possível que esse jovem fosse o próprio Marcos.
Foi a atitude dos discípulos que, desiludidos e amedrontados, largaram tudo, quando viram o seu líder ser preso e fugiram sem olhar para trás.

6. Atitude "corajosa" de José de Arimatéia em pedir à autoridade, que o condenou, a autorização para sepultar Jesus.

7. "ABBA": Pai:
    Essa palavra somente Marcos a coloca nos lábios de Jesus, exatamente na hora mais dramática da sua vida....

9. Mulheres seguem, servem e sobem com ele a Jerusalém...
    Marcos salienta a presença das mulheres que seguem e servem Jesus desde a Galiléia e sobem com ele a Jerusalém, até o pé da cruz.

    * Elas são o modelo para os outros discípulos que tinham fugido.

Os RAMOS, que carregamos com alegria e entusiasmo na procissão e que levamos com devoção para nossas casas, são o sinal de um povo, que aclama o seu Rei e o reconhece como Senhor que salva e liberta.
Devem ser o Sinal do compromisso de quem deseja viver intensamente essa Semana Santa.

- Não basta apenas aclamar o Cristo em momentos de entusiasmo e depois crucificá-lo na rotina de todos os dias.
- Que o Lava-pés nos motive a limpar o coração com a água purificadora da Penitência e a nos pôr a serviço dos irmãos.
- Que a Ceia do Senhor nos faça valorizar a presença permanente de Cristo em nosso meio na Eucaristia e seja o alimento constante em nossa caminhada.
- Que o Getsêmani nos anime a fazer a vontade do Pai, mesmo pelos caminhos do sofrimento e da cruz.
- Que o Túmulo silencioso seja o nosso "deserto" para escutar mais forte a voz de Deus e um estímulo para remover todas as pedras que mantém ainda trancado
o Cristo dentro do túmulo do nosso coração.
- Que a Vigília Pascal reanime nossa Esperança nas promessas do Senhor, enquanto aguardamos a sua vinda.

- Assim esta Semana será realmente santa e a PÁSCOA acontecerá em nós.
  Cristo realmente venceu as trevas do pecado e da morte. Aleluia!

                                        Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 29.03.2015

sábado, 21 de março de 2015

Cristaos... queremos ver Jesus!


Na Leitura do Profeta Jeremias 31, 31-34 vemos que: 
1- Deus sempre faz aliança conosco e nos conduz com sua mão,  porque  nos quer livres de  qualquer escravidão.  Ao longo da história sempre busca libertar o seu povo de qualquer escravidão. O nosso Deus é um Deus Libertador. Sua aliança libertadora acompanha o seu povo sempre. “ Escutem a minha voz, Eu serei o vosso Deus e vós serão o meu povo, caminhem sempre em meus caminhos para que sejam felizes( Jer,7,23).

2- Inscreve sua lei no coração humano, a coloca dentro de nós, ao alcance de nossas mãos, “ a palavra está perto de ti em tua boca e em teu coração” . Lei inscrita na carne. Somos “ carta de Cristo, escrita  não com tinta, mas com os Espírito de Deus” ( 3 Cor, 3). Deus tatua sua lei em nossos corações. Tatuagem interna, indelével, definitiva. Inscreve sua lei em nossos corações para que possamos segui-la vivȇ-la.
Perguntemos a nos mesmos. Qual lei rege o meu coração?
Deus inscreve sua lei em nossos corações para que sejamos atraídos por Ele ( Jo12, 33), . A resposta ao Amor , não pode ser senão  amor. 

No EVANGELHO DE JOAO 12, 20-33
1-O cristão é alguém que  desperta nos outros o desejo de conhecer Jesus . Os gregos vão atrás de Felipe ( v20) . O seu testemunho  é tão  visível que  atrai outros a seguir o Mestre, portanto, o convite a sermos cristãos  capazes de inspirar e atrair para o seguimento de Jesus.
2- O valor da comunidade . Felipe não foi sozinho, comunica a André e vão juntos  falar com Jesus. Não se pode seguir Jesus sozinho, isolado. Nossa  fé é comunitária, Jesus se revela na comunidade e na comunhão  trinitária.
3- Grão existe para ser lançado na terra.  Grãos são para ser jogados, semeados na terra , não guardados e protegidos.  O mundo , o nosso mundo de hoje e não o de ontem, é o chão onde os cristãos são jogados semeados para que produzam frutos.
Hà duas alternativas para o grãos:
a)Grão que não morre ( que não se deixar se TRANSFORMAR por Cristo) fica SO, estéril , não produz  nada,não faz nenhuma diferença, é o católico  de nome, mas não de fato. 
b)Grão que morre ( que se deixa TRANSFORMAR pela Palavra, pela Eucaristia, pela oração, pela presença de Cristo) PRODUZ MUITO FRUTO.

4- Perder a vida é encontraà-la. Seguir Jesus é coloca-lo acima da nossa própria vida. E colocar Sua Palavra, seu seguimento acima de tudo para estar com Ele “ onde estou, ali também estará meu servo “ (v 27) , mas onde esta Jesus? Jesus esta no coração do Pai, em comunhão com o Pai, faz a Vontade do Pai, “ Como Tu estàs em  mim e eu em Ti” ( Jo 17,21). Aquele que se deixa transformar por Jesus se torna capaz de atrair para Jesus, apontar Jesus em comunidade, porque vive a comunhão  com Jesus e com o Pai. Quem vive em comunhão com o Pai é capaz de produzir frutos. Somente a semente que morre pode produzir frutos. Somente olhando para cruz podemos entender isso, e foi o Mestre que o viveu por primeiro. Necessariamente seguir Jesus, comungar Jesus e com Jesus implica também comungar e viver o mistério da Cruz. Não existe cristianismo sem cruz porque não existe cristianismo sem amor. A cruz  é revelação do  quanto Deus nos amou e nos ama. 

quarta-feira, 18 de março de 2015

Como São José ...guardemos com amor aquilo que Deus nos deu!”

Numa sociedade carente de figura paterna, a Igreja nos propõe a figura de São José , como modelo de pai . José pai adotivo de Jesus , o filho de Deus . Um paternidade singular, fundamentada no cumprimento das promessas de Deus, da Vontade de Deus. Para refletirmos sobre a figura de São José propomos trechos da homilia  Papa Francisco no inicio de seu Pontificado em 19 de março de 2013.
“Ouvimos ler, no Evangelho, que «José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa» (Mt 1, 24). Nestas palavras, encerra-se já a missão que Deus confia a José: ser custos, guardião. Como realiza José esta missão? Como vive José a sua vocação de guardião de Maria, de Jesus , da Igreja?
 Com discrição, com humildade, no silêncio, mas com uma presença constante e uma fidelidade total, mesmo quando não consegue entender. Desde o casamento com Maria até ao episódio de Jesus, aos doze anos, no templo de Jerusalém, acompanha com solicitude e amor cada momento. Permanece ao lado de Maria, sua esposa, tanto nos momentos serenos como nos momentos difíceis da vida, na ida a Belém para o recenseamento e nas horas ansiosas e felizes do parto; no momento dramático da fuga para o Egito e na busca preocupada do filho no templo; e depois na vida quotidiana da casa de Nazaré, na carpintaria onde ensinou o ofício a Jesus. Numa constante atenção a Deus, aberto aos seus sinais, disponível mais ao projeto d’Ele que ao seu.
 E José é «guardião», porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos, está atento àquilo que o rodeia, e toma as decisões mais sensatas. Nele, queridos amigos, vemos como se responde à vocação de Deus: com disponibilidade e prontidão; mas vemos também qual é o centro da vocação cristã: Cristo. Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para guardar a criação!
Entretanto a vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Génesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração. É cuidar uns dos outros na família: os esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos, e, com o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos pais. É viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem. Fundamentalmente tudo está confiado à guarda do homem, e é uma responsabilidade que nos diz respeito a todos. Sede guardiões dos dons de Deus!...
Mas, para «guardar», devemos também cuidar de nós mesmos. Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas e as más intenções e: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura...
Cuidar, guardar requer bondade, requer ser praticado com ternura. Nos Evangelhos, São José aparece como um homem forte, corajoso, trabalhador, mas, no seu íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é a virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura!
Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos... Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu!”
A exemplo de São José guardemos os filhos que Deus nos confiou.




sábado, 14 de março de 2015

Deus é rico em Misericòrdia!


A Quaresma é um tempo oportuno para purificar idéias e atitudes de nossa vida cristã. Muitas vezes somos levados a ter de Deusa imagem de um juiz severo e castigador...
Será essa a verdadeira imagem de Deus que devemos ter?

A Bíblia tem uma imagem bem diferente:
- Um Deus Criador e Amigo... que dialoga com Adão...
- Um Deus que faz uma Aliança de amizade com o seu povo...
- Um Deus-conosco ("Emanuel")... que caminha com o povo...
- Um Deus que liberta... e salva...
- Um Deus misericordioso, que perdoa...
- Um Deus Pai... sempre disposto a acolher o filho pródigo...
  O castigo é um remédio extremo para que se arrependa e volte à amizade.

A1a leitura revela a Justiça e a Misericórdia de Deus no tempo do exílio e da libertação. (2Cr 36,14-16.19-23)

É um resumo da História da Salvação, em três momentos:
O Pecado do homem, o Castigo e o Perdão de Deus.
O Povo foi infiel à Aliança. Por isso, Jerusalém foi destruída e sua elite foi deportada para a Babilônia.
Mas Deus não abandona o povo, apesar das infidelidades. 
O povo arrependido voltou seu coração para Deus e Deus o conduziu de volta à sua terra.
Deus é mais misericórdia, do que justiça...

Na 2a Leitura Paulo afirma: "Deus é rico em misericórdia... deu-nos a vida juntamente com Cristo, quando estávamos mortos por causa de nossas faltas."(Ef 2,4-10).

A Salvação é um dom de Deus: a salvação, presente de Deus, chega a nós mediante a fé em, por e com Cristo...

No Evangelho, Jesus se revela como Salvador e não Juiz.
A missão de Cristo no mundo e na história é salvar e não condenar. (Jo 3,14-23).

É a conclusão do diálogo de Jesus com NICODEMOS, que nas "trevas da noite", vem falar com Jesus à procura de "Luz".
No final, descreve o projeto de Salvação de Deus: "Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu próprio filho e este não veio para julgar o mundo, mas para salvá-lo".

No deserto, os hebreus olhavam para a serpente levantada por Moisés como sinal de cura e libertação.
Faz lembrar a cruz onde foi levantado o Filho do homem.
Da Cruz de Jesus brota a vida e a saúde para toda a terra.
Ao olhar com fé para esse sinal, ficamos curados...
O texto nos convida a contemplar uma História maravilhosa:
O Amor de Deus oferece ao homem vida plena e definitiva.
Aos homens compete aceitar ou não o dom de Deus.
Jesus não veio condenar e excluir ninguém da salvação.
Ele é a luz divina enviada ao mundo para mostrar o caminho da verdade e da vida que conduz a Deus.
As pessoas podem rejeitar Jesus e sua missão, permanecendo nas trevas do egoísmo, rejeitando Jesus e sua missão; ou então aceitar Jesus e seguir seu projeto, deixando-se envolver pela luz da fé e da salvação.

João define o caminho para chegar à vida eterna:

CRER EM JESUS:
- Não é uma mera adesão intelectual a umas verdades mas acolher JESUS enviado pelo amor do Pai para salvar os homens.
- É escutar Jesus, acolher a sua mensagem e segui-lo nesse caminho.
- É deixar as trevas e caminhar para a Luz… É aceitar essa Luz...
Isso supõe desfazer-se de muitos projetos pessoais.

E o julgamento final como fica?
Muitos imaginam um Deus severo, que vai analisar tudo com rigor até os mínimos detalhes.
Seria então Ele um Pai, que ama os bons e os maus, como ensinou Jesus?

- Segundo João, o julgamento não é pronunciado por Deus, mas pela escolha que cada um faz diante da Luz de Cristo.
"Quem nele crê, não é condenado.
Mas quem não crê, já está condenado...
A Luz veio ao mundo,mas os homens preferiram as trevas."

Por isso, a decisão no julgamento:
- não é propriamente Deus que faz... somos nós que escolhemos...
- não é apenas no fim do mundo, mas é aqui e agora.
Cada instante da vida é tempo de salvação ou de condenação...

Salvam-se os que praticam a Verdade e se aproximam da "Luz".
Condenam-se os que praticam o mal e preferem as "trevas".
A salvação é um dom gratuito de Deus oferecido a todos...
Tudo depende da nossa aceitação ou não à proposta de Cristo.

O Evangelho fala do amor de Deus que chega ao ponto de dar o seu próprio Filho e insiste também na responsabilidade do homem, que deve fazer uma escolha diante dessa proposta de amor.
Cristo quer ser o nosso Salvador, não o nosso Juiz...

Qual será a nossa escolha? Preferimos a Luz ou as Trevas?


Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 15-03.2015

sábado, 7 de março de 2015

A Lei e o Templo
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Em nossas casas, costumamos limpar todos os dias.
Assim mesmo, de vez em quando sentimos a necessidade uma limpeza geral... lavamos as paredes... o teto...
os vidros... para tirar o mofo que foi se acumulando...
A Quaresma também é um tempo de purificação propício para renovar nossa vida cristã e purificar o nosso coração daquelas impurezas que foram se acumulando ao longo do tempo.


As leituras bíblicas tratam de dois pontos fundamentais da religião judaica:
Lei de Deus e o Templo, que, com o passar do tempo, também estavam precisando de uma purificação...
Cristo se apresenta como a nova Lei e o novo Templo.

Na 1a Leitura Deus entrega a LEI, num contexto de êxodo e de Páscoa,
como parte de uma Aliança.(Ex 20,1-17)

-É um momento fundamental na história da Salvação.
Deus se apresenta desde o começo como Libertador:
"Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou da escravidão do Egito"
Os 10 mandamentos brotavam do amor de um Deus "Libertador",
que depois de ter libertado seu povo da escravidão material do Egito,  
queria libertá-lo também da escravidão moral das paixões e do pecado.
- Deus não deu as leis do Decálogo para serem um atentado contra a liberdade humana.Pelo contrário, para os homens sejam livres e   respeitem a liberdade dos outros.
- Os Mandamentos indicavam o caminho seguro para ser feliz e ser o Povo da Aliança,colaborador de Deus no Plano da Salvação…
- Mas Israel não foi fiel a esse compromisso:
muitos abusos e desvios esvaziaram o verdadeiro sentido do decálogo…
- Era necessário restaurar a antiga Lei, completá-la, aperfeiçoá-la…
sobretudo no sentido do amor e da interioridade…libertando-a de todo formalismo.
Precisava uma Nova Aliança,uma NOVA LEI.É o que Cristo veio realizar:
"Não vim suprimir a Lei… mas completar, aperfeiçoar…"

Na 2ª Leitura, Paulo afirma que seu projeto de Salvação passa pela morte na cruz:
"Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e
loucura para os gentios"(1Cor 1,22-25)
A Cruz de Cristo pode parecer loucura e sinal de fraqueza.
Todavia, Deus transformou a cruz em sabedoria e caminho de salvação.

No Evangelho,Jesus se apresenta como o NOVO TEMPLO(Jo 2,13-25)

O Templo era um lugar muito sagrado para os judeus.
Todo judeu devia ir ao templo ao menos uma vez por ano para oferecer um sacrifício a Deus. 
Estas ofertas para os sacrifícios faziam girar muito dinheiro... e provocavam abusos e exploração.
O gesto ousado de Cristo não é apenas zelo de purificação do templo.
É anúncio da abolição do velho templo e do culto aí celebrado.
O antigo templo já tinha concluído a sua função.
Surgirá um novo templo, não construído de pedras e por mãos humanas,
mas o "lugar da Presença" viva de Deus: JESUS CRISTO.

Passamos do templo de pedra (projeto de Davi e realizado por Salomão)
ao Templo sonhado pelos profetas (fonte de vida e luz para todos os povos),
para chegar ao Senhor ressuscitado, o templo verdadeiro em quem Deus manifesta a sua glória em favor de todos os homens.
Caminhamos todos para um "templo definitivo", que se identifica com o mundo inteiro, quando esse se converte em casa do Pai, isto é, a casa onde todos os homens se reconhecem irmãos.

Jesus nos convida a sermos templo no qual está presente Deus e nele se oferece um verdadeiro culto em espírito e verdade..

Qual o Templo que devemos purificar?
- Nosso coração deve ser um sinal de Deus para os irmãos.
- Nossas comunidades devem dar testemunho da vida de Deus.
- A Igreja deve ser essa "Casa de Deus" onde as pessoas podem encontrar
a proposta de libertação e de Salvação que Deus oferece a todos.
- O "Culto", que Deus aprecia, deve ser uma vida vivida na escuta de suas propostas e traduzida em gestos concretos de doação, de entrega, de serviço simples e humilde aos irmãos.
- Jesus purificou o templo de seus profanadores e nos convida a purificar também o templo de nosso coração.

*Qual a nossa atitude diante da Lei de Deus?
É uma cerca que nos prende ou um caminho seguro para uma vida feliz?
*Qual o respeito que temos na casa de Deus...(antes, durante, depois…)
- Se Cristo voltasse hoje às nossas igrejas… o que aconteceria?
A quem deveria expulsar com o chicote?

A Campanha da Fraternidade nos lembra outro templo sagrado,
também profanado pela ganância dos "vendilhões" de hoje.
A Pessoa humana é esse lugar sagrado, onde Deus quer ser respeitado e servido…

Essa celebração deve nos levar a refletir sobre o ESPÍRITO com que vivemos a nossa religião:
diante da Lei de Deus, nas práticas religiosas de nossa religião e no respeito à pessoa humana !…

Só assim o nosso culto será realmente agradável a Deus!

Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 08.03.2015