domingo, 31 de julho de 2016

Onde colocamos nossas segurança?


A Liturgia deste final de semana nos questiona sobre
o sentido da nossa vida e onde colocamos nossas seguranças.
Nos chama a atenção advertindo-nos que  
não devemos colocar a nossa segurança em coisas passageiras;
Pelo contrário, descobrir e a amar outros bens,
que dão verdadeiro sentido à nossa existência
e nos garantem a vida em plenitude e desapego delas.

Na 2a Leitura, Paulo afirma que ser batizado é identificar-se com Cristo.
Portanto renunciar ao egoísmo, ambição, injustiça, orgulho, morte...
e escolher uma vida de doação, de entrega, de serviço, de amor...
Esse comportamento novo inclui uma maneira diferente de encarar a riqueza.  
"Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto e não às da terra."
 (Cl 3, 1-5.9-11)

No Evangelho, Cristo denuncia a cobiça e
a preocupação exagerada pelos bens terrenos... (Lc 12,13-21)

- Um desconhecido pede a Jesus para resolver um problema de herança.
- Jesus se recusa, porque é difícil fazer justiça quando existe cobiça, ganância...
  E adverte: "Tomai cuidado contra todo tipo de GANÂNCIA...
   a vida de um homem não consiste na abundância de bens..."

- Para ilustrar essa verdade, conta a Parábola do RICO INSENSATO,
  que construiu grandes celeiros para armazenar a colheita abundante,
  pensando assim ter segurança para viver tranqüilamente.
  Pura ilusão: Naquela mesma noite veio a morrer...
  e se apresentou de mãos vazias diante de Deus...

- E Jesus conclui: "Assim acontece com quem
  guarda tesouros para si e não é rico diante de Deus."

* O pecado foi "acumular apenas para si".
Não agradeceu a Deus, nem partilhou com os irmãos.

- É uma catequese de Jesus sobre os bens materiais.
O dinheiro não é a fonte da verdadeira vida.
A cobiça dos bens (o desejo insaciável de ter) não conduz à vida plena,
não responde às aspirações mais profundas do homem.

A ganância pelos bens terrenos é a causa de muitos males...
- Quantas brigas e divisões em família... na divisão da herança!     
- Quantas lutas... para vencer o concorrente... e ter mais!
- Quantas fraudes, injustiças e corrupção... no desejo insaciável de bens!
- Quantas discriminações: porque as pessoas valem pelo que têm!

Pura ilusão: A fonte da vida está só em Deus... 
E a morte nos convence dessa dura realidade...

Esta parábola não se destina apenas àqueles que têm muitos bens;
mas destina-se a todos aqueles que (tendo muito ou pouco)
vivem obcecados com os bens, orientam a sua vida no sentido do "ter"
e fazem dos bens materiais os deuses,
que condicionam a sua vida e o seu agir.

+ A Palavra de Deus nos questiona.
O ensinamento de Jesus toca em cheio os cristãos encantados
com o capitalismo neoliberal e sua apologia do lucro e do acúmulo de bens.
Ficam anestesiados diante das necessidades dos irmãos.
Cristãos vivendo na riqueza, enquanto muitos irmãos na fé vivem na indigência,
sem experimentarem a solidariedade dos seus irmãos e irmãs na fé abastados.

Hoje em dia é muito comum pôr tudo no seguro...
Há seguro de vida para carros, roubos, incêndios, acidentes pessoais...
A nossa vida, que continua na eternidade, também deve ser assegurada.
Mas a vida eterna não pode ser assegurada com as riquezas desse mundo...
e sim com os tesouros reconhecidos por Deus.
O dinheiro nos dá a falsa sensação de segurança.

O único fundamento seguro de nossa existência é Deus...
E, nele, o próprio dinheiro adquire outro sentido:
Não será mais instrumento de SEPARAÇÃO entre os homens,
mas sim de COMUNHÃO, um sinal de amor...

Onde estamos depositando a nossa segurança e construindo a nossa felicidade?
Não nos esqueçamos: nosso coração foi feito por Deus,
e apenas em Deus encontrará a verdadeira e plena felicidade...

                                       Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 31.07.2016

domingo, 17 de julho de 2016

Uma só coisa é necessária...

A Liturgia deste final de semana nos convida a refletir sobre a sobre a Hospitalidade e Acolhimento e o que é essencial em nossa vida.   
Toda vez que nos reunimos para celebrar a Eucaristia, o Senhor nos acolhe como hóspedes em sua casa e nos alimenta com o seu pão da Vida.

No texto de Gn 18, 1-10 a Abraão está sentado à porta de sua tenda em Mambré,
atento a quem passa e disposto a repartir com ele, de forma gratuita, aquilo que tem de melhor... Ao ver três homens, que se aproximam, o Patriarca corre ao encontro deles e oferece-lhes com insistência hospedagem. O desejo e a liberalidade em partilhar o que ele tem, se transforma em bênção posterior para a sua família. Todo dom doado se torna  dom multitplicado.

Todos somos peregrinos procurando pousada no coração das pessoas, que podem ser o próprio Deus que nos pede um pouco do nosso tempo.


No Evangelho de  Lc 10, 38-42 , entremos com Jesus na casa de seus amigos Lázaro , Marta e Maria  e Jesus nos interroga sobre as nossas escolhas, o que estamos colocando como essencial em nossas vidas.


A hospitalidade , a colhida , não é só se preocupar em preparar coisas, mas antes de tudo ter o coração aberto para estar com o outro e escutá-lo como Maria fez com Jesus.  
A Hospitalidade é um gesto sagrado desde o Antigo Testamento...
Não é só abrir a porta da casa, mas é também abrir os ouvidos e o coração, para dar a nossa atenção àquele que veio ao nosso encontro.
Durante o diálogo, Maria permanece em silêncio, sinal de meditação e interiorização da Palavra de Deus.
- Marta acolhe em sua casa um AMIGO muito querido...
- Maria acolhe o MESTRE que tem palavras de Vida...
- Abraão acolhe naqueles viajantes o próprio DEUS...
E nós como estamos acolhendo a visita de Deus em nossa vida?


- Na Comunidade...Você encontra tempo para "sentar aos pés de Jesus e escutar a sua palavra"? Ou apenas se satisfaz em "fazer coisas"? Fato decisivo para ser "Discípulo" de Cristo, é estar disposto a escutar a sua Palavra...


Cristo continua ainda hoje batendo à nossa porta.
Sua voz tem inúmeros timbres.  Procuremos reconhecê-la e abrir a porta sem fazê-lo esperar. Para acolher Jesus, devemos encontrar tempo para nos sentar a seus pés, escutá-lo e escutar os outros;  tempo para rezar; tempo para servir; um coração pronto e disponível.
Como Marta, eu , você e cada um de nós vamos vivendo e estamos preocupados com muitas coisas, mas o que nos preocupa hoje é realmente o essencial e o necessário?

Somos capazes de fazer como Maria, escolhendo a única coisa necessária :  estar aos pés do Mestre Jesus para nos deixar guiar pela sua Palavra e pela sua proposta de Vida? 

sábado, 9 de julho de 2016

Quem é o meu próximo?


Todos nós desejamos com segurança a Vida eterna.
Já nos perguntamos alguma vez:
Mas qual é o CAMINHO para conquistá-la.
- O que fazemos para alcançar a vida eterna?

As leituras bíblicas respondem: no amor a Deus e aos irmãos.

Na 1a leitura, MOISÉS convida o Povo a aderir aos MANDAMENTOS:
"Ouve a voz do Senhor, teu Deus, e observa todos os seus Mandamentos".
E acrescenta: "Esta lei não está acima de tuas forças... pelo contrário,
ela está bem perto de ti, está em tua boca e em teu CORAÇÃO" (Dt 30,10-14)

Os Mandamentos de Deus não são uma coleção de prescrições impostas,
que tolhem a nossa liberdade e prejudicam a nossa realização pessoal.
Pelo contrário, correspondem aos anseios profundos da pessoa humana,
são o caminho seguro, que nos conduz à Felicidade eterna desejada.
E Deus inscreveu esses preceitos em nosso próprio coração.

A 2ª Leitura   É um hino cristológico, em que Paulo apresenta Cristo
como "imagem do Deus invisível" e o "primogênito de toda a criatura".
 Cristo foi o primeiro e autêntico "samaritano" da humanidade. (Cl 1,15-20)

No Evangelho, CRISTO aponta o caminho da vida eterna,
respondendo a duas perguntas de um Mestre da Lei: (Lc 10,25-37)

1. "Que devo fazer para alcançar a vida eterna"?
- Jesus o questiona: "O que diz a Lei?"
- Ele resume os 613 preceitos em dois:
  o Amor a Deus e o Amor ao Próximo... (Dt 6,5; Lev 19,18)
- Jesus concorda: "Respondeste bem... FAZE isto e viverás".
- E ele insiste com a segunda pergunta:

2. "E quem é o meu próximo?"
Na época de Jesus, "próximo" era o membro do Povo de Deus;
excluíam os inimigos, os pecadores e os não praticantes...
Jesus responde não com uma definição, mas com um exemplo prático...
com a maravilhosa Parábola do BOM SAMARITANO...

- Um homem é assaltado por ladrões...
  que o deixam jogado meio morto à margem da estrada.
- Ali passa um SACERDOTE, que sabe tudo sobre a Lei:
  vê o homem jogado, mas vai adiante.
- Passa também um LEVITA, que trabalha diariamente no templo,
  mas não sabe nada de Deus: não tem misericórdia para aquele homem.
  Vê o homem e vai em frente...
- Passa também um "SAMARITANO" que não sabia tão bem a Lei de Moisés.
  Esse "pagão" sente "compaixão" (sentimento próprio de Deus).
  Supera a hostilidade entre judeus e samaritanos,
  esquece seus negócios, seus compromissos, seu cansaço, o medo...
   "Aproxima-se dele, derrama óleo e vinho nas feridas.
    Depois o coloca em seu animal e completa os cuidados na pensão".
- E Jesus concluiu: "Vai e faze tu o mesmo".

A Parábola nos diz que...

- A "Vida eterna" é encontrada no Amor a Deus,
  concretizado no Amor ao Próximo.
  Para ter a vida devemos fazer de quem está perto de nós o nosso próximo.
  PRÓXIMO é todo irmão, que necessita de nossa ajuda e de nosso amor.

- Mais importante do que saber quem é o "próximo",
  é tornar-se próximo de quem precisa...
  PRÓXIMO é quem age com MISERICÓRDIA e COMPAIXÃO...
  Cristo foi o verdadeiro Bom Samaritano, que antes de ensinar a Parábola
  a fez realidade em sua vida acolhendo a todos.
  E ele nos convida: "Vai e faze tu o mesmo..."
  Esse gesto é um aspecto fundamental da missão da Igreja.

* A Parábola propõe Três PASSOS para realizar o amor misericordioso:
   Ver, Ter compaixão e Agir...

+ Quem é o nosso Próximo, HOJE?
   Só os amigos, os familiares? Os que nos ajudam? Gente do nosso grupo?

* Ainda hoje, há muitas pessoas à beira das estradas,
   vítimas da violência e opressão... precisando de nossa ajuda...

- Qual é a nossa atitude para com elas?

* A do Sacerdote e do Levita, que olharam o 'coitado' e passaram à frente,
   porque não tinham tempo, deviam cuidar dos seus trabalhos?

* Ou a figura simpática do Bom Samaritano,
   que mesmo estando de viagem, soube parar... e oferecer a esse coitado
   aquilo que estava ao seu alcance, para  suavizar a sua situação?  

- E nós, que aqui estamos reunidos nessa celebração
  para fortalecer a nossa fé e o nosso amor,
  sabemos quem é o nosso próximo? Qual é o seu nome?

- Reconhecemos de fato a presença de Cristo nas pessoas
  que encontramos ao longo dos caminhos do mundo?
  Ou preferimos não perder tempo e seguir o nosso caminho,
  deixando o nosso próximo na sarjeta do abandono?

Enquanto Cristo aguarda uma resposta,
professemos publicamente a nossa fé no Cristo
que ainda hoje muitas vezes encontramos
abandonado e espoliado, ao longo de nosso caminho...

cantando :  à Seu nome é Jesus


                          Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 10.07.2016