A liturgia deste domingo
apresenta-nos o projeto de salvação e de vida plena que Deus tem para oferecer
ao mundo e aos homens: o projeto do “Reino”.
Na primeira leitura, o profeta/poeta Isaías anuncia uma luz que
Deus irá fazer brilhar por cima das montanhas da Galileia e que porá fim às
trevas que submergem todos aqueles que estão prisioneiros da morte, da
injustiça, do sofrimento, do desespero.
• É Jesus, a luz que ilumina o
mundo com uma aurora de esperança, que dá sentido pleno a esta profecia messiânica
de Isaías. Ele é “Aquele que veio de Deus” para vencer as trevas e as sombras
da morte que ocultavam a esperança e instaurar o mundo novo da justiça, da paz,
da felicidade. No entanto, a luz de Jesus é, hoje, uma realidade instituída,
viva, atuante na história humana? Porquê?
• Acolher Jesus é aceitar esse
projeto de justiça e de paz que Ele veio propor aos homens. Esforçamo-nos por
tornar realidade o “Reino de Deus”? Como lidamos com as situações de injustiça,
de opressão, de conflito, de violência: com a indiferença de quem sente que não
tem nada a ver com isso enquanto essas realidades não nos atingem diretamente,
ou com a inquietação de quem se sente responsável pela instauração do “Reino de
Deus” entre os homens?
O Evangelho descreve a realização da promessa profética: Jesus é a
luz que começa a brilhar na Galileia e propõe aos homens de toda a terra a Boa
Nova da chegada do “Reino”. Ao apelo de Jesus, respondem os discípulos: eles
serão os primeiros destinatários da proposta e as testemunhas encarregadas de
levar o “Reino” a toda a terra.
Jesus é o Deus que vem ao nosso
encontro para realizar os nossos sonhos de felicidade sem limites e de paz sem
fim. N’Ele e através d’Ele (das suas palavras, dos seus gestos), o “Reino”
aproximou-se dos homens e deixou de ser uma quimera, para se tornar numa
realidade em construção no mundo. Contemplar o anúncio de Jesus é abismar-se na
contemplação de uma incrível história de amor, protagonizada por um Deus que
não cessa de nos oferecer oportunidades de realização e de vida plena.
Sobretudo, o anúncio de Jesus toca e enche de júbilo o coração dos pobres e
humilhados, daqueles cuja voz não chega ao trono dos poderosos, nem encontram
lugar à mesa farta do consumismo, nem protagonizam as histórias balofas das colunas
sociais. Para eles, ouvir dizer que “o Reino chegou” significa que Deus quer
oferecer-lhes essa vida plena e feliz que os grandes e poderosos insistem em
negar-lhes.
Para que o “Reino” seja possível,
Jesus pede a “conversão”. Ela é, antes de mais, um refazer a existência, de
forma a que só Deus ocupe o primeiro lugar na vida do homem.
A segunda leitura apresenta as vicissitudes de uma comunidade de
discípulos, que esqueceram Jesus e a sua proposta. Paulo, o apóstolo, exorta-os
veementemente a redescobrirem os fundamentos da sua fé e dos compromissos
assumidos no batismo.
O texto recorda que a experiência
cristã é, fundamentalmente, um encontro com Cristo; é d’Ele e só d’Ele que
brota a salvação. A vivência da nossa fé não pode, portanto, depender do carisma
da pessoa tal, ou estar ligada à personalidade brilhante deste ou daquele
indivíduo que preside à comunidade. Para além da forma mais ou menos brilhante,
mais ou menos coerente como tal pessoa anuncia ou testemunha o Evangelho, tem
de estar a nossa aposta em Cristo; é n’Ele e só n’Ele que bebemos a salvação; é
a Ele e só a Ele que o nosso compromisso batismal nos liga. Cristo é, de fato,
a minha referência fundamental? É à volta d’Ele e da sua proposta de vida que a
minha experiência de fé se constrói? Em concreto: que sentido é que faz, neste
contexto, dizer que só se vai à missa se for tal padre a presidir? Que sentido
é que faz afastar-se da comunidade porque não gostamos da atitude ou do jeito
de ser deste ou daquele animador?
Irradiar a luz…
Os textos bíblicos deste domingo
são atravessados de Luz para o nosso caminho de trevas. Quantos homens e
mulheres andam à procura de sentido e procuram o seu caminho na noite… As
nossas vidas de batizados estão em coerência com Aquele de quem nos reclamamos
como cristãos? A Luz do Ressuscitado é-nos confiada para nos juntarmos aos
nossos irmãos… Somos focos que irradiam luz ou candeeiros opacos?
Retirado do site http://www.dehonianos.org/