Na última noite da Jornada Mundial da Juventude, o
papa Francisco fez um discurso repleto de expressões informais, referências ao
futebol e às manifestações populares, não só no Brasil, mas em vários países. O
papa pediu que os jovens não se submetam a modismos, sejam autênticos e que
"suem a camisa" na vivência da religião.
"Hoje tenho certeza que a semente está caindo
numa terra boa, sei que vocês querem ser um terreno bom, não querem ser
cristãos pela metade, nem engomadinhos, nem cristãos de fachada, mas sim
autênticos. Tenho a certeza de que vocês não querem viver na ilusão de uma
liberdade que se deixe arrastar pelas modas e conveniências do momento",
disse.
O pontífice pediu que os jovens "sejam os
verdadeiros atletas de Cristo" e disse que Jesus oferece algo "muito
superior" à Copa do Mundo. "Jesus nos pede que sigamos por toda a
vida, pede que sejamos seus discípulos, que 'joguemos no seu time'. Acho que a
maioria de vocês ama os esportes. E aqui no Brasil, como em outros países, o futebol
é uma paixão nacional. O que faz um jogador quando é convocado para jogar em um
time? Deve treinar e muito! Também é assim na nossa vida de discípulos do
Senhor", pregou.
"Queridos amigos, não se esqueçam: vocês são o
campo da fé! Vocês são atletas de Cristo! Vocês são construtores de uma Igreja
mais bela e de um mundo melhor", disse o papa para os jovens que desde a
manhã circulavam pela orla de Copacabana e assistiram a shows de grandes nomes
da música católica, como os padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo e a banda Rosa
de Saron.
Assim como a missa de encerramento, prevista a manhã
de domingo, a vigília foi transferida de Guaratiba, na zona oeste, para a Praia
de Copacabana, na zona sul, por causa das chuvas, que transformaram o terreno
onde inicialmente seriam realizados os dois últimos eventos da Jornada em um
grande lamaçal. "Quando nosso coração é uma terra boa que acolhe a palavra
de Deus, quando se 'sua a camisa' procurando viver como cristãos, nós
experimentamos algo maravilhoso: nunca estamos sozinhos", disse o
pontífice.
Em referência ao nome como era chamado o terreno que
abrigaria a vigília em Guaratiba, Campus Fidei (Campo da Fé), o papa lembrou a
parábola do semeador, em que sementes caem em terrenos pedregosos e não
germinam, enquanto outras caem em terras férteis. Francisco usou expressões
familiares aos jovens para traduzir os princípios religiosos. Antes, pediu que
os jovens sejam missionários na construção da uma nova Igreja. "Jesus nos
oferece algo muito superior que a Copa do Mundo! Oferece-nos a possibilidade de
uma vida fecunda e feliz e nos oferece também um futuro com Ele que não terá
fim: a vida eterna. Jesus porém nos pede que treinemos para estar 'em forma',
para enfrentar, sem medo, todas as situações da vida, testemunhando nossa
fé", afirmou.
Mais uma vez o pontífice mostrou a preocupação em
falar de temas da atualidade que chamam atenção da juventude ou que têm os
jovens como protagonistas. Ressaltou, porém, a parcela de responsabilidade de
cada um no esforço por mudança. "Acompanhei atentamente as notícias a
respeito de muitos jovens que, em tantas partes do mundo, saíram pelas ruas
para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna. Mas, fica a
pergunta: por onde começar, quais são os critérios para a construção de uma
sociedade mais justa? Quando perguntaram a Madre Teresa de Calcutá o que devia
mudar na Igreja, ela respondeu: você e eu!" Francisco pediu empenho para
construção de uma Igreja grande, "que possa acolher toda a
humanidade" e não apenas "uma capelinha, onde cabe apenas um grupinho
de pessoas".