Aproximando-se o dia de Natal a
Liturgia faz um convite à alegria! “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos”
(Fl 4, 4-7), exorta S. Paulo. O mundo vive carente da verdadeira alegria!
Os testos bíblicos do III Domingo
do Advento são um convite muito forte a ALEGRIA, porque o Senhor, que
esperamos, já está conosco e com Ele preparamos o Advento do seu Reino.
O profeta Isaías (Is 35, 1-6.10) nos faz reviver a espera que
precedeu a primeira vinda de Cristo e as esperanças que a animaram. Isaías
deseja despertar e fortalecer a esperança dos exilados. O povo atravessava um
dos piores períodos de sua história: Jerusalém e o Templo destruídos, o povo
deportado na Babilônia.
Mesmo assim, o Profeta prevê a
ALEGRIA dos tempos messiânicos: fala do deserto que vai florir, da tristeza que
vai dar lugar à alegria, Ele libertará os cegos, os coxos, os mudos de suas
doenças…
No Evangelho (MT 11, 2-11) encontramos Jesus realizando o que
Isaías profetizou.
João Batista está preso, por
Herodes, por reprovar o seu comportamento. No cárcere ouve falar das obras de
Cristo… Perplexo, envia a Jesus dois discípulos com uma pergunta bem concreta:
“És tu aquele que há de vir ou devemos esperar por outro?” (Mt 11, 3).
Jesus responde-lhes apontando os
sinais concretos de libertação, já anunciados por Isaías há muito tempo: “Ide
contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os
paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos
ressuscitam e os pobres são evangelizados” (Mt 11, 4-5).
Na Exortação Apostólica “A
Alegria do Evangelho”, o Papa Francisco nos lembra que “a alegria do Evangelho
enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Os que se
deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior,
do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria.”
A alegria do Advento e a de cada
dia é porque Jesus está muito perto de nós. A alegria cristã não é uma atitude
passageira de festas humanas, mas um estado permanente, de quem confia que a
vida cristã é uma caminhada ao encontro do Senhor que vem. A alegria é um dos
sinais da presença de Deus no coração de uma pessoa.
Poderemos estar alegres se o
Senhor estiver verdadeiramente presente na nossa vida, se não o tivermos
perdido, porque fora de Deus não há alegria verdadeira. Não pode havê-la.
Encontrar Cristo, ou tornar a encontrá-Lo, é fonte de uma alegria profunda e
sempre nova.
O cristão deve ser um homem essencialmente
alegre. Mas a sua alegria não é uma alegria qualquer, é a alegria de Cristo,
que traz a justiça e a paz, e que só Ele pode dar e conservar, porque o mundo
não possui o seu segredo.
A alegria do mundo procede de
coisas exteriores: nasce precisamente quando o homem consegue escapar de si
próprio, quando olha para fora, quando consegue desviar o olhar do seu mundo
interior, que produz solidão porque é olhar para o vazio. O cristão leva a
alegria dentro de si, porque encontra a Deus na sua alma em Graça. Esta é a
fonte da sua alegria! Não nos é difícil imaginar a Virgem Maria, nestes dias do
Advento, radiante de alegria com o Filho de Deus no seu seio. A alegria do
mundo é pobre e passageira. A alegria do cristão é profunda e capaz de
subsistir no meio das dificuldades. É compatível com a dor, com a doença, com o
fracasso e as contradições. “Eu vos darei uma alegria que ninguém vos poderá
tirar” (Jo 16,22), prometeu o Senhor. Nada nem ninguém nos arrebatará essa paz
gozosa, se não nos separarmos da sua fonte.
A nossa alegria deve ter um
fundamento sólido. Não se pode apoiar exclusivamente em coisas passageiras:
notícias agradáveis, saúde, tranqüilidade, situação econômica desafogada, etc.,
coisas que em si são boas se não estiverem desligadas de Deus,mas que por si
mesmas são insuficientes para nos proporcionarem a verdadeira alegria.
O Senhor pede que estejamos
sempre alegres! Só Ele é capaz de sustentar tudo na nossa vida. Não há tristeza
que Ele não possa curar: “Não temas, mas apenas crê” (Lc 8,50), diz-nos o
Senhor.
Fujamos da tristeza! Uma alma
triste está à mercê de muitas tentações. Quantos pecados se têm cometido à
sombra da tristeza!Por outro lado, quando a alma está alegre, abre-se e é
estímulo para os outros; quando está triste obscurece o ambiente e faz mal aos
que tem à sua volta.
A tristeza nasce do egoísmo, de
pensarmos em nós mesmos esquecendo os outros. Quem anda excessivamente
preocupado consigo próprio dificilmente encontrará a alegria da abertura para
Deus e para os outros. Em contrapartida, com o cumprimento alegre dos nossos
deveres, podemos fazer muito bem à nossa volta, pois essa alegria leva a Deus.
“Dentro de pouco, de muito pouco,
Aquele que vem chegará e não tardará” (Hb 10,37), e com Ele chegarão a paz e a
alegria; em Jesus encontraremos o sentido da nossa vida.
Que a nossa alegria seja um
testemunho muito forte de que Cristo já está no meio de nós .
Mons. José Maria Pereira - http://www.presbiteros.com.br/