sábado, 17 de dezembro de 2016

Ele será chamado de Emanuel - Deus conosco!


O presente domingo é o domingo do Emanuel, “Deus conosco”. O tradicional canto da entrada evoca o orvalho que desce do céu e faz brotar da terra a salvação, o Salvador (Is 45,8). Jesus, gerado pelo orvalho do Espírito Santo no Seio de Maria Virgem, é a realização plena do sinal da presença de Deus que o profeta Isaías anunciou ao rei Acaz, setecentos anos antes: o nascimento de um filho da jovem princesa – da “virgem”, como diz a tradução grega do Antigo Testamento, como também o evangelho, ao citar este texto (1ª leitura; evangelho).
Quem assume como pai de família esse nascimento é José, da casa de Davi: por causa dele, Jesus nasce como filho de Davi. Mas a mensagem do anjo deixa claro que Jesus é “obra do Espírito Santo” (Mt 1,20, evangelho). Essa dupla filiação é mencionada no início da Carta aos Romanos: humanamente falando (“segundo a carne”), Jesus é filho de Davi, mas quanto à ação divina (“segundo o Espírito”), ele é filho de Deus, como se pode ver por sua glorificação depois de ressuscitado dentre os mortos (2ª leitura).
O centro desta liturgia é, pois, o maravilhoso encontro do divino e do humano em Jesus Cristo. Nos domingos anteriores, as expectativas do Antigo Testamento eram a imagem de nossa esperança escatológica. Hoje entramos mais diretamente no mistério de Deus em Jesus, maravilha operada por Deus na realidade humana. Deus pôs a mão à obra: Jesus é Deus-conosco (Mt 1,23), e conosco permanecerá (cf. o fim do evangelho de Mt, 28,20!). A obra de Deus é de sempre e para sempre.
Neste mistério, a Virgem-Mãe ocupa um lugar central, Este quarto domingo é, na realidade, urna festa de Maria (antigamente os mesmos textos eram repetidos na 4ª-feira, na Missa áurea em honra de Maria). A oração do dia de hoje tornou-se a conclusão da oração do Angelus: a mensagem do anjo é a primeira manifestação da obra de Deus que vai desde a anunciação até a ressurreição! Maria aparece aqui como a jovem escolhida por Deus, qual esposa pelo rei. A virgindade de Maria significa sua disponibilidade para a obra de Deus nela: virgindade fecunda, prenhe de salvação. Nela brota o fruto que, em pessoa, é o sinal de que Deus está conosco.

Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes