sábado, 11 de fevereiro de 2017

Diante de ti ponho a vida e a morte!


A liturgia deste 6º Domingo garante-nos que Deus tem um projeto de salvação para que o homem possa chegar à vida plena e propõe-nos uma reflexão sobre a atitude que devemos assumir diante desse projeto.
Na segunda leitura de 1 Cor 2, 6-10, Paulo apresenta o projeto salvador de Deus (aquilo que ele chama “sabedoria de Deus” ou “o mistério”). É um projeto que Deus preparou desde sempre “para aqueles que o amam”, que esteve oculto aos olhos dos homens, mas que Jesus Cristo revelou com a sua pessoa, as suas palavras, os seus gestos e, sobretudo, com a sua morte na cruz (pois aí, no dom total da vida, revelou-se aos homens a medida do amor de Deus e mostrou-se ao homem o caminho.  O projeto de salvação que Deus tem para os homens, e que resulta do seu imenso amor por nós, é um projeto que nos garante a vida definitiva, a realização plena, a chegada ao patamar do Homem Novo, a identificação final com Cristo. Os crentes são, em consequência deste dinamismo de esperança que o projeto de salvação de Deus introduz na nossa história, pessoas que olham a vida com os olhos cheios de confiança, que sabem enfrentar sem medo nem dramas as crises, as vicissitudes, os problemas que o dia-a-dia lhes apresenta, e que caminham cumprindo a sua missão no mundo, em direção à meta final que Deus tem reservada para aqueles que O amam.
No entanto, Deus não força ninguém: a opção pelo caminho que conduz à vida plena, ao Homem Novo, é uma escolha livre que cada homem e cada mulher devem fazer. O que Deus faz é ladear o nosso caminho de “sinais” (mandamentos) que indicam como chegar a essa meta final de vida definitiva. Como é que eu percorro esse caminho: na atenção constante aos “sinais” de Deus, ou na autossuficiência de quem quer ser o responsável único pela sua liberdade e não precisa de Deus para nada? que leva à realização plena).

A primeira leitura recorda, no entanto, que o homem é livre de escolher entre a proposta de Deus (que conduz à vida e à felicidade) e a autossuficiência do próprio homem (que conduz, quase sempre, à morte e à desgraça). Para ajudar o homem que escolhe a vida, Deus propõe “mandamentos”: são os “sinais” com que Deus delimita o caminho que conduz à salvação.
O texto levanta, também, a questão da liberdade. A Palavra de Deus que aqui nos é proposta deixa claro que Deus nos criou livres e que respeita absolutamente as nossas opções e a nossa liberdade. Deus não é um empecilho à liberdade e à realização plena do homem. Ele coloca-nos diante das diferentes opções, diz-nos onde elas nos levam, aponta o caminho da verdadeira felicidade e da realização plena e… deixa-nos escolher.
Atenção: a morte e a desgraça nunca são um castigo de Deus por nos termos portado mal e por termos escolhido caminhos errados; mas é o resultado lógico de escolhas egoístas, que geram desequilíbrios e que destroem a paz, o equilíbrio, a harmonia do mundo, da família e de mim próprio.

O Evangelho Mt 5,17-37 completa a reflexão, propondo a atitude de base com que o homem deve abordar esse caminho balizado pelos “mandamentos”: não se trata apenas de cumprir regras externas, no respeito estrito pela letra da lei; mas trata-se de assumir uma verdadeira atitude interior de adesão a Deus e às suas propostas, que tenha, depois, correspondência em todos os passos da vida.
Os discípulos de Jesus são convidados a viver na dinâmica do “Reino”, isto é, a acolher com alegria e entusiasmo o projeto de salvação que Deus quis oferecer aos homens e a percorrer, sem desfalecer, num espírito de total adesão, o caminho que conduz à vida plena.
Não podemos deixar, nunca, que as leis (mesmo que sejam leis muito “sagradas”) se transformem num absoluto ou que contribuam para escravizar o homem. As leis, os “mandamentos”, devem ser apenas “sinais” indicadores desse caminho que conduz à vida plena; mas o que é verdadeiramente importante, é o homem que caminha na história, com os seus defeitos e fracassos, em direção à felicidade e à vida definitiva.


Texto retirado do site dos Dehonianos