A liturgia
do 16º Domingo do Tempo Comum dá-nos conta do amor e da solicitude de Deus
pelas “ovelhas sem pastor”. Esse amor e essa solicitude traduzem-se,
naturalmente, na oferta de vida nova e plena que Deus faz a todos os homens.
Na primeira
leitura, pela voz do profeta Jeremias, Jahwéh condena os pastores indignos que
usam o “rebanho” para satisfazer os seus próprios projetos pessoais; e,
paralelamente, Deus anuncia que vai, Ele próprio, tomar conta do seu “rebanho”,
assegurando-lhe a fecundidade e a vida em abundância, a paz, a tranquilidade e
a salvação.
A Palavra
de Deus nos garante que Deus é o “Pastor” que se preocupa conosco, que está
atento a cada uma das suas “ovelhas”; Ele cuida das nossas necessidades e está
permanentemente disposto a intervir na nossa história para nos conduzir por
caminhos seguros e para nos oferecer a vida e a paz. É n’Ele que temos de
apostar, é n’Ele que temos de confiar. Esta constatação deve ser, para todos os
crentes, uma fonte de alegria, de esperança, de serenidade e de paz.
O Evangelho
recorda-nos que a proposta salvadora e libertadora de Deus para os homens,
apresentada em Jesus, é agora continuada pelos discípulos. Os discípulos de
Jesus são – como Jesus o foi – as testemunhas do amor, da bondade e da
solicitude de Deus por esses homens e mulheres que caminham pelo mundo perdidos
e sem rumo, “como ovelhas sem pastor”. A missão dos discípulos tem, no entanto,
de ter sempre Jesus como referência… Com frequência, os discípulos enviados ao
mundo em missão devem vir ao encontro de Jesus, dialogar com Ele, escutar as
suas propostas, elaborar com Ele os projetos de missão, confrontar o anúncio
que apresentam com a Palavra de Jesus.
A comoção
de Jesus diante das “ovelhas sem pastor” é sinal da sua preocupação e do seu
amor. Revela a sua sensibilidade e manifesta a sua solidariedade para com todos
os sofredores. A comoção de Jesus convida-nos a sermos sensíveis às dores e
necessidades dos nossos irmãos. Todo o homem é nosso irmão e tem direito a
esperar de nós um gesto de bondade e de acolhimento. Não podemos ficar no nosso
canto, comodamente instalados, com a consciência em paz (porque até já fomos à
missa e rezamos as orações que a Igreja manda), a ver o nosso irmão a sofrer. O
nosso coração tem de doer, a nossa consciência tem de questionar-nos, quando
vimos um homem ou uma mulher (nem que seja um desconhecido, nem que seja um
estrangeiro) ser magoado, explorado, ofendido, marginalizado, privado dos seus
direitos e da sua dignidade. Um cristão é alguém que tem de sentir como seus os
sofrimentos do irmão.
Na segunda
leitura, Paulo fala aos cristãos da cidade de Éfeso da solicitude de Deus pelo
seu Povo. Essa solicitude manifestou-se na entrega de Cristo, que deu a todos
os homens, sem exceção, a possibilidade de integrarem a família de Deus.
Reunidos na família de Deus, os discípulos de Jesus são agora irmãos, unidos
pelo amor. Tudo o que é barreira, divisão, inimizade, ficou definitivamente
superado.
A
comunidade cristã é uma família de irmãos, que partilham a mesma fé e a mesma
proposta de vida. É um “corpo”, formado por uma grande diversidade de membros,
onde todos se sentem unidos em Cristo e entre si numa efetiva fraternidade. As
nossas comunidades (cristãs ou religiosas) são, efetivamente, comunidades de
irmãos que se amam, para além das diferenças legítimas que há entre os membros?
Nas nossas comunidades todos os irmãos são acolhidos e amados, ou há irmãos considerados
de segunda classe, marginalizados e maltratados? Eu, pessoalmente, como é que
vejo esses irmãos na fé que caminham comigo? Perante as diferenças de
perspectiva, como é que eu reajo: com respeito pela opinião do outro, ou com
intolerância? ( do site dos Dehonianos)